22 de fev. de 2013

Como (e quando) abandonar um deck ?






Sim, sei o quão absurdo é esse título, geralmente o que mais queremos é fazer nosso deck crescer, evoluir e vencer, afinal, são nossas idéias, nosso tempo e estratégias que estão condensadas ali naquelas cartas, mas digo uma coisa: o que diferencia um deck-builder médio de um cara sensacional é justamente essa percepção fria e objetiva, que nos faz caminhar mais rápido até os melhores resultados.

Sabe qual o primeiro motivo para se abandonar um baralho?
A "percepção contextual".

O nome parece complicado, mas na verdade é absurdamente simples. É só fazer a seguinte sequência de perguntas:

1 - O que meu deck quer fazer?
2 - No momento, existe algum outro deck que faz a mesma coisa?
3 - Esse outro deck executa seu plano melhor que o meu?


O segredo para responder essas perguntas é a simplicidade. Quanto mais objetivo, mais fácil fica. A pergunta 1, por exemplo, pode ser resumida em 3-4 arquétipos facilmente (aggro, combo e control, que mesclados podem virar midrange, tempo, ramp, etc...), a segunda pergunta se refere a decks que usam cartas com efeitos parecidos, ou até as mesmas cartas porém com uma cor secundária diferente da sua, e a terceira pergunta, apesar de parecer subjetiva, costuma ser a mais fácil de se responder, pois está intimamente ligada a resultados práticos.

O segundo passo para atingir o abandono do deck, caso essas perguntas sejam satisfeitas, é o chamado "custo de desenvolvimento"

Funciona de maneira ainda mais simples, porém mais trabalhosa. Desenvolver um bom deck exige que você tenha:

A - Bons oponentes
B - Que usem bons decks
C - E montem uma amostragem decente

Não bastasse isso, o resultado do seu teste precisa confirmar uma premissa simples: que sua estratégia realmente esmaga a concorrência.

Se seu deck consegue algo na faixa de 50% de vitória contra os principais baralhos do seu ambiente, isso ainda é motivo para abandoná-lo.

Sim, porque seu único trunfo contra a concorrência é o "fator surpresa" (que geralmente é irrelevante contra jogadores de alto nível). Já os decks mais populares tem a vantagem de serem desenvolvidos em conjunto por uma multidão de outros jogadores, muitos deles melhores que você, o que te coloca contra a parede no sentido de manter sua lista competitiva a cada evolução dos seus oponentes, a cada edição, e a cada semana, ou seja, fazer esse teste inteiro DE NOVO e SOZINHO só para validar sua ideia que, no final do dia, não vai dominar nada.

É sempre bom repetir: estamos falando de magic voltado a resultados, ou seja, se você prefere montar um deck próprio apenas pelo prazer de ser original, parabéns, o jogo também acomoda esse perfil de jogador tranquilamente, é muito importante respeitar todos os estilos de jogo, mesmo que eles não se enquadrem no seu, e no caso de montar decks em casa por conta própria, o mais comum é que seu deck seja ineficiente para resultados, mesmo que existam exceções.

Como acabei de mostrar, montar um deck novo exige tempo de qualidade, tempo este que poderia ser usado para dominar um deck já conhecido, ou criar táticas específicas para vencer. Num geral, a única maneira de fazer sua montagem de decks ser proveitosa, é justamente aprendendo a abandonar idéias com bastante agilidade.

Essa é uma estatística aleatória, sem base sólida, mas se me perguntassem quantos decks bons saem da mente de um excelente deck-builder, eu diria que esse cara produz UM deck decente a cada VINTE tentativas. Se for um gênio, talvez um a cada dez. Até porque muitas vezes ele pode montar um deck e errar a mão nas últimas dez cartas, ou montar o deck certo para o momento errado. A grande questão é que, ao dançar entre suas opções com velocidade, ele não perde tempo tentando transformar todo lagarto que vê em dragão, e com isso chega mais rápido ao deck ideal.

No campo prático, os principais bloqueios para que um jogador aprenda a abandonar seus decks são:

1 - Afeto/orgulho
2 - Dinheiro
3 - Tempo

Sobre afeto/orgulho, é um grande obstáculo admitir que sua ideia é ruim, essa constatação exige maturidade e discernimento, especialmente quando a pessoa cansou de perder, para alguns é inadmissível usar decks prontos (o famoso "netdeck"), respeito essa decisão, mas se além de não usar a competência alheia, o cara ainda se prende a uma ideia ruim por tempo demais, o único resultado é a derrota.

Sobre dinheiro, o segredo é estratégia, montar decks com programas de computador ou sites, tudo vale, ainda mais quando a carta almejada custa 2 dígitos ou mais. Se você comprar e vender seus decks toda semana, mesmo que para o lojista mais camarada do Brasil, em poucos meses estará vendendo os rins para trocar sua base de mana.

Sobre tempo, não tem o que se fazer, se você monta decks próprios, mas não é capaz de aferir se eles são bons mesmo, com testes intensivos e ajuda externa, aí não adianta, você vai jogar pela diversão, mas nunca por resultados. É bem comum que jogadores de alto padrão se enquadrem aqui, pois para eles o tempo investido batalhando com decks próprios é literalmente dinheiro jogado fora, compensa mais refinar uma ideia já estabelecida, e vencer pela superioridade individual, do que dar a cara pra bater com idéias incompletas.

Bom, espero ter ajudado, e confesso ser do time dos deck-builders, não tão bom ainda, estou na faixa de UM pra vinte, mas chego lá. E outra, usar todos esses recursos na hora de montar o deck ajuda e muito. Um bom deck, não um deck que vence algo em torno de 90% das partidas, mas um deck razoável vence pelo menos 75%. Lembre-se no ambiente competitivo 75% é muito pouco, mas em um casual já seria diferente.

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