15 de jan. de 2013

A História do Legacy (as eras do formato)

Em 3 de setembro de 2004, Aaron Forsythe anunciava no magic daily a separação do t1 e do t1.5 e a consequente separação da lista de banidas e restritas dos formatos. O t1 agora se chamaria Vintate e o t1.5 teria um nome determinado pelos próprios jogadores, através de uma enquete feita no site da Wizards. Caso você tenha a curiosidade de ver a primeira lista e banidas e restritas do formato, eis o link do anúncio:

http://www.wizards.com/Magic/Magazine/Article.aspx?x=mtgcom/daily/af30

Após a enquete, foi anunciada a escolha do nome "Legacy" para esse t1.5. Todavia, o grande número de banidas causou um certo desconforto nos jogadores, que por um tempo relutaram em abraçar o formato. Passado o trauma, as primeiras listas começaram a surgir e o Legacy foi evoluindo ao longo do tempo, até conhecer o "boom" dos últimos anos.

O começo de tudo - A era da Tríade

O Legacy se iniciou com 2 grandes forças: Landstill e Goblins. Ambos os decks eram oriundos do "antigo legacy" e evoluíram de listas quase vintage. Curioso para ver as listas? Então, pode matar sua curiosidade:

Landstill

4 Swords to Plowshares

3 Stifle

4 Counterspell
4 Standstill
2 Disenchant
3 Crucible of Worlds
3 Wrath of God
4 Fact or Fiction
4 Force of Will
2 Misdirection
2 Decree of Justice
4 Wasteland
4 Mishras Factory
3 Faerie Conclave
4 Flooded Strand
4 Tundra
4 Island
2 Plains


Goblin Sligh

4 Goblin Lackey

4 Mogg Fanatic

4 Skirk Prospector
4 Goblin Piledriver
4 Goblin Warchief
3 Siege-Gang Commander
4 Lightning Bolt
4 Chain Lightning
4 Goblin Grenade
4 Incinerate
3 Fireblast
9 Mountain
3 Plateau
4 Wooded Foothills
4 Bloodstained Mire


Pouco tempo depois, surgiria uma terceira força: o UGW Gro. Rés a lenda que o deck surgiu de uma ideia quase for fun do seu criador: quão grande ele conseguiria tornar uma Dríade Quirion? O essencial do deck foi aproveitado e evoluído, dando origem ao UGW Threshold, que seria o "pai" dos Time Decks subsequentes:

UGW Threshold

4 Werebear

4 Meddling Mage

2 Mystic Enforcer
4 Brainstorm
4 Serum Visions
4 Predict
4 Accumulated Knowledge
4 Swords to Plowshares
4 Force of Will
3 Daze
2 Counterspell
2 Stifle
2 Disenchant
3 Windswept Heath
3 Flooded Strand
4 Tropical Island
3 Tundra
3 Island
1 Forest

No ano de 2005, com o lançamento de Ravnica (e flame fusillade), chegou-se a cogitar que os decks baseados em time vault (ele não era banido!) destruiriam o formato, mas nada disso aconteceu. Houve até mesmo um GP Legacy na época e você pode adivinhar quantos time vault tinham no top 8? Exato, nenhum.


Em 2006, com receio de que algum jogador chegasse a uma lista realmente desequilibrada com esse combo, a Wizards mudou o texto de time vault e, pouco tempo depois, baniu a carta, devolvendo o seu texto original.


Morto num "piscar" de olhos - A era Flash-Hulk

A Wizards, em toda a sua sapiência, decidiu retirar a errata da carta Flash (na verdade, era uma política para retirar errata de todas as cartas antigas).


Flash

Conclusão: o deck começou a desequilibrar o ambiente. Veja a lista:

3 Flooded Strand

3 Island

4 Polluted Delta

1 Swamp
1 Tropical Island
1 Tundra
1 Underground Sea
1 Body Snatcher
1 Carrion Feeder
4 Dark Confidant
1 Karmic Guide
1 Kiki-Jiki, Mirror Breaker
4 Protean Hulk
4 Brainstorm
4 Chrome Mox
4 Counterbalance
4 Daze
1 Echoing Truth
4 Flash
4 Force of Will
1 Massacre
4 Mystical Tutor
4 Senseis Divining Top


Sideboard

4 Leyline of the Void

3 Massacre

4 Quirion Dryad
1 Reverent Silence
3 Swords to Plowshares


Em 2007, quando Visão do Futuro ameaçou trazer para o formato os pactos verde e azul, a Wizards percebeu que o deck seria totalmente idiota e decidiu banir a carta.


Se não pode vencê-lo... - A era Tarmogoyf

Visão do Futuro não trouxe somente os pactos: trouxe um amiguinho verde que se tornaria pilar do formato por muito tempo. Claro que você sabe quem é:

Tarmogoyf

Lançado sem muito alarde, Tarmogoyf foi do status de "Homem-urso piorado" a "melhor criatura da história" em pouco tempo.

Todavia, quem mais ganhou com a carta foi o Threshold: agora, o deck definitivamente possuía a criatura perfeita! Goblins, que sempre forçou o deck a gastar alguns slots do side com Thivadar Crusade, não era mais uma ameaça. As listas eram similares a essa:

18 LANDS

4 Windswept Heath

4 Flooded Strand

3 Tropical Island
3 Tundra
2 Island
1 Forest
1 Plains


10 CREATURES

4 Tarmogoyf

4 Nimble Mongoose

2 Mystic Enforcer

20 INSTANTS and SORCERIES

4 Ponder

4 Swords to Plowshares

4 Brainstorm
4 Daze
4 Force of Will


12 OTHER SPELLS

4 Sensei's Divining Top

4 Counterbalance

2 Jace Beleren
2 Oblivion Ring


SIDEBOARD

4 Tormod's Crypt

4 Meddling Mage

4 Krosan Grip
3 Engineered Explosives


Vale ressaltar um aspecto interessante: por muito tempo, counterbalance foi uma carta "exclusivamente" de side. Até que, em determinado ponto, os pilotos de Threshold perceberam que davam side-in no encantamento na maioria das partidas, revelando que ela merecia um espaço no main deck.


Com essa mudança, o legacy teve de se adaptar a nova fase "Goyf-Balance". Alguns decks aumentaram sua curva de mana para se tornarem menos vulneráveis, outros recheavam o side de krosan grips. Mas no final de 2007, chega um candidato determinado a quebrar esse reinado.

O inimigo do meu inimigo, é meu inimigo também!!! - A era da Selva

Com a chegada de Lorwyn, Merfolk tornou-se uma tribo jogável. Mais do que isso: o deck tinha a proposta de punir decks com ilhas e ignorar contramágicas, através dos seus frascos ou das suas próprias anulações. E o cenário começou a mudar.


Já o bloco de Alara, em 2008, trouxe à tona o Naya: um deck agressivo muito rápido, com criaturas rápidas e super eficientes.


Contudo, em 18 de setembro de 2009, a Wizards anunciava o desbanimento de 3 cartas: Metalworker, Dream Halls e Entomb! A partir daí iniciou-se a ascensão do reanimate.

Em 18 de junho de 2010, Tutor Místico estava banido do formato. Reanimate chorava sua perda. Os campos seriam mais verdes, o céu mais azul e tudo seria mais belo e equilibrado. Mas outra carta verde viria pra bagunçar o formato.


Apenas os mais fortes sobrevivem - A era Survival


Survival of the Fittest

Survival of the Fittest sempre foi uma carta presente no legacy. Ela inspirava decks divertidos, porém demasiadamente lentos para serem muito competitivos. Todavia, com Rise of the Eldrazi e sua criatura superturbo Vengevine, a história era outra. O deck era sólido, rápido, uma mistura fatal de aggro e combo. E tinha versão para todo gosto: GW, UG, BG, UGW, etc...

Todas as atenções se voltaram contra o deck, que era definitivamente o inimigo a ser batido. Para exemplificar, eis uma lista que venceu um Starcity da época (a minha versão predileta era simplesmente a UG):

Creatures (18)

1 Memnite

3 Basking Rootwalla

4 Noble Hierarch
1 Qasali Pridemage
4 Vengevine
1 Waterfront Bouncer
3 Wild Mongrel
1 Wonder


Lands (19)

2 Forest

1 Bayou

2 Horizon Canopy
4 Misty Rainforest
2 Savannah
4 Tropical Island
4 Windswept Heath


Other Spells (23)

4 Survival of the Fittest

4 Brainstorm

2 Daze
4 Force of Will
2 Intuition
3 Spell Pierce
4 Swords to Plowshares

Sideboard

1 Aven Mindcensor

1 Faerie Macabre

1 Gilded Drake
1 Stoneforge Mystic
3 Extirpate
2 Krosan Grip
1 Umezawa's Jitte
1 Progenitus
1 Vendilion Clique
3 Natural Order


Para se ter uma ideia, algumas estatísticas retiradas dos campeonatos da época:


Arquétipos com as melhores performances:

- Survival GW: 67.75%

- Survival BG: 64.43%

- Survival UG: 62.53%
- GWB Junk: 56.97%
- Bant Survival: 56.72%
- Countertop: 51.49%
- Ad Nauseam: 51.01%
- Merfolk, Goblins, Zoo, Affinity, Dredge, Burn, Show and Tell, Charbelcher, Elves, Enchantress, Canadian Threshold, Reanimator, Eva Green e Team América: em torno de 50% ou menos.

Performance das diferentes listas de survival contra os outros decks do formato:

- Merfolk: 67%

- Goblins: 60%

- GWB Junk: 61%
- Countertop: 65%
- Ad Nauseam: 58%
- Zoo: 63%


Obviamente alguma coisa estava errada no formato. Em 20 de dezembro de 2010 foi anunciado o banimento da carta

Um novo Tarmogoyf? - A era Mistep-Stoneforge


Após a queda do Survival o formato voltou a ficar aberto. Até o lançamento de New Phyrexia, em maio de 2011. Com ela, duas novas cartas mudariam a cara do legacy: batterskul e mental misstep.


BatterskullMental Misstep

A primeira encontrou no stoneforge mystic um amigo inseparável. Já a segunda permitiu que controls tivessem a curva perfeita de counters, com misstep, spell snare e force of Will (para cartas de custo alto). Um novo deck surgia no legacy e ele era uma realidade dolorosa, especialmente para os aggros: o UW Stoneblade.

Para você que não pegou essa época ou esqueceu como era, eis uma lista de um UWr pra degustação. =)


UWr Stoneblade

4 Wasteland

4 Scalding Tarn

4 Flooded Strand
4 Tundra
3 Volcanic Island
1 Plains
1 Plateau
3 Island
4 Stoneforge Mystic
3 Vendilion Clique
3 Grim Lavamancer
4 Jace, the Mind Sculptor
1 Wrath of God
1 Fire/Ice
4 Mental Misstep
3 Force of Will
4 Swords to Plowshares
4 Brainstorm
1 Crucible of Worlds
1 Batterskull
1 Sword of Body and Mind
2 Daze
Side:
1 Wrath of God
1 Force of Will
1 Batterskull
1 Pyroblast
2 Red Elemental Blast
2 Relic of Progenitus
3 Meddling Mage
1 Oblivion Ring
2 Spell Pierce
1 Elspeth, Knight-Errant


Misstep se tornou um "câncer" no formato. Os números da carta presentes em top 8 e top 16 de campeonatos era gritantes, o que forçou a Wizards a banir o "inofensivo" counter de custo 0 (ou 1, você que escolhe!). Mesmo com o banimento, o UW Stoneblade continuou a existir e, com Innistrad, ganhou mais um aliado: Snapcaster. Mas não foi só ele que ganhou novos amigos.

Um dia do caçador, outro da caça - A era da Selva 2

O bloco de Innistrad trouxe diversas inovações pro formato. Primeiro, o lançamento de Delver fez ressurgir o RUG Threshold e levou o deck a níveis incrivelmente competitivos. Thalia tornou o GW Maverick mais forte do que nunca, contornando seus piores matches (combos) e complicando um bocado a vida dos controls. Lingering Souls apareceu em diversas listas de Esper, tornando o deck ainda mais presente no formato. Griselbrand deu novo fôlego aos Reanimates e Show and Tell decks. Terminus e Entreat the Angels consolidaram um novo control, que buscava frear o crescimento do GW e do RUG. Cavern of Souls deu mais um upgrade nos goblins, que precisaram se reinventar para o novo Field.


Os decks se alternavam em top's, fazendo crer que havia uma boa briga no formato. O RUG era provavelmente a presença mais constante, devido à sua boa combinação de clock rápido e disrupts eficientes. Não havia um consentimento geral sobre qual deck era a melhor escolha do formato, mas o RUG era sem dúvida um oponente de respeito.

Os tempos de hoje – A era Deathrite ou a era Brainstorm?


Com o lançamento do Deathrite Shaman e Abrupt Decay, surgiram diversos arquétipos de BUG: tempo, mid-range, controls e etc. O reinado (nem tão absoluto assim) do RUG começou a ser ameaçado por essa nova presença.


Outro deck que se tornou uma possibilidade competitiva no Legacy é o Jund. O deck, que nunca antes havia emplacado, começou a apresentar alguns top 16 e pode evoluir para um novo patamar no formato. Seria o Jund o "substituto" do GW no slot de midrange do formato?


Com a vinda de Gatecrash muita coisa pode mudar e eu espero que a Wizards olhe com carinho para os decks Aggros. Afinal, muitos dizem estarmos presenciando a era brainstorm. Até quando ela irá durar ?


Palpites? Sugestões? Deixe aí nos comentários para discutirmos!

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